O programa “Bora de Graça”, que revolucionou o transporte público em Caucaia ao oferecer gratuidade aos usuários, vem enfrentando dificuldades desde o início da nova gestão municipal. Trabalhadores que encerram o expediente após as 22h relatam diariamente a dificuldade de retornar para casa devido à redução de horários nas principais linhas de ônibus do município.

A situação é crítica para quem depende do transporte gratuito e trabalha em shoppings, supermercados, restaurantes ou hospitais. Um dos exemplos mais emblemáticos é a linha 07 – Pedreiras/Camará, cujo último ônibus parte do Centro de Caucaia às 19h30 e do bairro Camará às 20h30. Já a linha 04 – Araturi, uma das mais movimentadas, tem o último horário saindo do Centro às 21h20 e do bairro às 22h.

“A gente sai do trabalho cansado, muitas vezes depois das 22h, e não tem mais ônibus. Ou paga do bolso ou fica na rua esperando algum favor. Isso desanima”, conta uma atendente de loja de um shopping em Fortaleza que mora na região da Jurema.

Embora o problema seja mais evidente nessas duas linhas, a limitação nos horários atinge praticamente todas as rotas do programa. O cenário se agravou após a edição de um decreto de contingenciamento de gastos pelo prefeito Naumi Amorim (PSD), que reduziu em R$ 1 milhão o orçamento mensal do Bora de Graça.

O corte de recursos impactou diretamente a operação das linhas, com menos viagens e horários restritos, especialmente à noite. Desde então, moradores têm utilizado as redes sociais e grupos de mensagens para denunciar os atrasos e cancelamentos de ônibus, além da precariedade do serviço fora dos horários de pico.

O programa, que completou três anos recentemente, é considerado um marco da mobilidade urbana em Caucaia e vinha sendo referência no estado por abolir a cobrança de tarifa e promover acessibilidade ao transporte. No entanto, com a queda de investimentos e a falta de manutenção adequada da frota, a iniciativa enfrenta agora sua fase mais crítica.

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