Caucaia enfrenta um cenário contraditório: enquanto diversos prédios públicos permanecem fechados ou subutilizados, a prefeitura segue gastando altos valores com a locação de imóveis para funcionamento de órgãos municipais.

Entre os equipamentos abandonados ou em desuso estão o antigo Polo de Atendimento no bairro Araturi, o antigo CSU da Jurema — onde apenas uma sala é utilizada pelo Conselho Tutelar —, o prédio que abrigava o CAPS da Jurema, o Banco de Alimentos, o antigo CRAS do Parque Guadalajara e até a recém-adquirida escola Luzardo Viana. Todos esses espaços pertencem ao município e poderiam ser reaproveitados mediante reformas.

Apesar disso, a gestão municipal mantém contratos de aluguel para diferentes secretarias e serviços públicos. Levantamento feito pela reportagem em publicações oficiais aponta gastos significativos. Entre os contratos recentes estão:

  • Secretaria de Educação (SME): imóvel para Casa dos Conselhos Escolares (R$ 72 mil); Núcleo de Educação da Infância – NERI Rei Davi (R$ 80,3 mil); anexo da escola Rubens Vaz da Costa (R$ 154,2 mil); Educandário São Francisco (R$ 107,1 mil).

  • Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS): imóveis para funcionamento dos CRAS Parque das Nações (R$ 84 mil) e Planalto (R$ 57,6 mil), CREAS Jurema (R$ 78 mil), Casa da Primeira Infância (R$ 96 mil) e almoxarifado da secretaria (R$ 144 mil).

  • Secretaria de Saúde (SMS): sede da pasta (R$ 203,7 mil) e UBS Fabiano de Cristo, no Capemi/Jurema (R$ 27,1 mil).

  • Secretaria de Planejamento (Seplam): sede própria (R$ 250,4 mil) e estacionamento (R$ 51,7 mil).

  • Outras secretarias: Controladoria Geral do Município (R$ 114 mil), Secretaria de Cultura (R$ 42 mil), Autarquia Municipal de Trânsito para guarda de veículos apreendidos (R$ 72 mil), além da Secretaria de Desenvolvimento Rural, que utiliza imóvel alugado para serviços relacionados à apreensão de animais (R$ 54 mil).

Também chama atenção o contrato referente ao prédio onde funciona o Procon e a Coordenadoria de Licitações, no bairro Padre Romualdo, que soma R$ 180,9 mil em aditivo.

Somados, os valores ultrapassam facilmente a casa dos milhões de reais ao ano. Criticos a gestão pública alertam que, diante do número de imóveis ociosos já pertencentes ao município, a opção por locações pode representar um gasto questionável, sobretudo em um cenário em que escolas, postos de saúde e equipamentos sociais carecem de melhorias.

A reportagem seguirá acompanhando o tema e ouvindo autoridades e representantes da sociedade civil para avaliar os impactos dessa política de aluguéis no orçamento municipal.

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