A quadrilha junina Trem Maluco teve uma apresentação interrompida em Uruburetama, no interior do Ceará, por ter trechos inspirados no candomblé, no último domingo (19). Os participantes afirmam que a secretária de Turismo e Cultura da cidade mandou parar a apresentação alegando ser “macumba”, no momento em que os participantes se apresentavam de branco em homenagem à Irmã Dulce, freira brasileira que desenvolveu um trabalho de ajuda aos pobres na Bahia.
A Prefeitura de Uruburetama lamentou o ocorrido, se solidarizou com os membros da quadrilha Trem Maluco e pediu desculpas pelo episódio. A prefeitura também disse que “não compactua, enquanto entidade que preza pelo bem comum da sociedade e da cultura, com nenhum tipo de preconceito ou intolerância”. A secretária de Cultura do município, Fernanda Carneiro, não foi encontrada para se manifestar sobre o caso.
Ele disse ainda que, quando os participantes da quadrilha começaram a apresentação, a secretária “expressou um sentimento de indignação querendo interromper a quadrilha, dizendo que ali se tratava de uma festa religiosa.”
“Ela expressou que não tinha gostado nem um pouco e que se soubesse que seria daquele jeito, ela não teria convidado a quadrilha, porque ela pediu que a gente cortasse da nossa apresentação qualquer coisa que envolvesse outra religião que não fosse o catolicismo”, contou o organizador.
Padre nega envolvimento em confusão
Em nota publicada nas redes sociais, o padre José Ránis da Paz Dias, da paróquia São João Batista, em Uruburetama, disse que o nome dele foi utilizado como justificativa para interromper a apresentação do grupo junino. O padre afirmou que sequer tinha conhecimento sobre o ocorrido e que não estava presente no momento da apresentação.
O religioso também se solidarizou com quem, “de alguma forma, se sentiu ofendido ou constrangido”, e agradeceu ao grupo Trem Maluco “por contribuírem culturalmente para os festejos de São João Batista através da arte popular”.
“Parabenizamos, também, pela desenvoltura ao nos trazer a história da irmã Dulce dos pobres, o anjo bom da Bahia, nossa primeira santa brasileira”, disse o padre.
Via G1 Ce